10 de março de 2015

Garibaldi vibra com a lista dos envolvidos: “Foi feita justiça a Henrique, porém tardia”

Para senador do PMDB, arquivamento da investigação contra ex-presidente da Câmara foi “emblemático”

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Alex Viana Repórter de Política
O senador Garibaldi Filho (PMDB) disse que o pedido de arquivamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, excluindo o ex-presidente da Câmara, Henrique Alves, da lista de investigados da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), fez justiça ao ex-deputado federal. Para o ex-ministro da Previdência, a citação ao nome de Henrique pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, embora não tenha sido determinante, “contribuiu” para o insucesso eleitoral do peemedebista na disputa pelo governo do Estado nas eleições passadas.
“O caso do deputado Henrique Eduardo Alves é emblemático porque ele disputou o governo do Estado e a oposição se voltou para o instituto da delação premiada quando um dos diretores da Petrobras fez uma acusação a Henrique que agora não foi levada em conta nem pelo procurador e muito menos pelo STF, que nem vai examinar isso. Que dizer, foi feito justiça a Henrique, porém tardia, no que toca ao seu futuro político”, disse o senador, durante entrevista esta manhã ao Jornal da Cidade, da FM 94.
Henrique Alves disputou as eleições do ano passado como franco favorito, após reunir em torno de sua candidatura as maiores forças políticas do Estado, excluindo do palanque o então presidente do PSD e vice-governador do Estado, Robinson Faria, e a então deputada federal e pré-candidata ao Senado Fátima Bezerra (PT). Robinson e Fátima se uniram, junto com outros partidos também excluídos, e venceram tanto a disputa pelo governo quanto para o Senado.
Para o senador Garibaldi Filho, o fato de, no decorrer da campanha, ter surgido citação ao nome de Henrique como suposto beneficiário do esquema de corrupção ajudou na chamada “desconstrução” da imagem de Henrique. “Não que se venha a dizer que isso foi o determinante para o seu insucesso eleitoral, mas contribuiu, não tenhamos dúvidas, contribuiu. Foi massificado, o deputado teve a sua imagem que sofreu uma tentativa de desconstrução como se diz na linguagem política e até dos marqueteiros”.
DELICADEZA
Para Garibaldi, no entanto, superada a fase envolvendo seu primo e correligionário, as atenções continuam voltadas para a situação delicada que atravessa o Congresso Nacional. “É preciso ter muita capacidade de avaliação para se separar o joio do trigo. Ver, durante a apuração, que algumas outras injustiças podem ter sido cometidas”, afirmou, ao abordar a inclusão dos políticos na operação Lava Jato.
“O deputado Henrique liminarmente foi apurado, deixada de lado e ele está ai feliz pelo fato de que não foi alcançado por essa avaliação injusta, por esse julgamento injusto, fez-se justiça. Então, nós devemos ter cuidado. Se é um grande número de parlamentares de partidos importantes que tem grande número de representantes e vamos fazer Justiça realmente. Quem for culpado há de pagar pela sua culpa. Mas quem não for não pode ser submetido a um prejulgamento. Enquanto isso a população vai – e isso que é mais grave – vai desacreditando com relação ao Congresso Nacional”, analisou.
TURISMO
Garibaldi disse ainda, em sua entrevista, que tem expectativa de que, com a exclusão de Henrique da investigação, o potiguar seja nomeado ministro do Turismo. Nos bastidores, o que se sabe é que Henrique poderia desempenhar um importante elo entre o Planalto e o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Eu tenho essa expectativa. Agora eu não posso ser a última palavra com relação a isso. A última palavra é da presidenta. Naturalmente em contato com lideranças peemedebistas, sobretudo com o vice-presidente, Michel Temer. Eu não posso de maneira nenhuma me adiantar. Agora também eu não posso negar que eu acredito que ele venha ser”, disse.
Garibaldi pede confiança da população em Dilma Rousseff
O senador Garibaldi Filho (PMDB) pediu confiança da população na presidente Dilma Rousseff (PT), alvo de um panelaço ontem, durante seu pronunciamento em rede nacional de TV sobre o Dia Internacional da Mulher, no qual pediu o apoio da população para a aprovação dos ajustes fiscais necessárias à retomada do crescimento econômico do país.
“Acredito que a presidenta venha a superar essa crise. Ela poderia ter adotado um tom mais franco com relação ao que está acontecendo. Mas ela merece a meu ver um crédito da população”, frisou o ministro, na sua entrevista à Rádio Cidade (94 FM). “Ela pediu paciência, pediu confiança, pediu para que os brasileiros confiassem nela”, frisou.
Na visão do senador, o resultado apertado da eleição leva a que determinados setores venham cobrar com maior intensidade providências que eles consideram que não são suficientes. “E acho que a presidenta merece ainda esse crédito de confiança, por mais que nós tenhamos na segunda administração dela índices econômicos que não são ideais, eu acho que à medida que a economia está encolhendo, ela está trazendo dissabores para o exercício do governo”.
Sobre as manifestações programadas para o dia 15, o senador disse que a população vai manifestar seu descontentamento com relação ao governo. No entanto, ele descarta o impeachment da presidente. “Mas para que haja um impeachment e isso está previsto na Constituição é necessário que haja um fato muito grave que leva a tipificação do crime de responsabilidade do chefe do executivo e isso eu não vejo no momento, não acredito que isso venha a prosperar”.
“Ainda está cedo para avaliar administração Robinson Faria”
Ao abordar o governo Robinson Faria (PSD), o senador Garibaldi Filho (PMDB) disse ser cedo para uma avaliação. Destacando ser oposicionista, o ex-governador afirmou, porém, que, até mesmo diante da crise financeira, seriam necessárias medidas mais duras em relação à economia. “Eu acho cedo, a gente que está na oposição. A população, o povo nos colocou na oposição na medida em que a nossa proposta não foi aceita e nós temos que ter uma posição de responsabilidade com relação ao exercício desta oposição, até mesmo pela crise financeira enfrentada pelo Estado nós teríamos que ter”, disse o senador.
Como governador do Estado, Garibaldi empreendeu uma dura reforma, fechando empresas públicas e extinguindo órgãos da administração direta e indireta do Estado. “Eu acredito em medidas mais duras com relação à economia do Estado. Eu já enfrentei uma situação no início do governo difícil que tive que tomar providências, por exemplo, a extinção de órgãos do próprio governo, cortando na própria carne. Não está se havendo isso”, disse.
O senador salientou, porém, o desejo de que o governo acerte. “Que o governador esteja certo de não adotar isso e venha a enfrentar com maior moderação o que eu não vi quando assumi o governo”, disse, lembrando ter encontrado a necessidade de medidas mais extremas. “Mas isso é uma questão de visão de governo. Eu acho cedo. Tanto para elogiar, como para rejeitar”, disse.
Sobre a entrevista do cientista política João Emanuel Evangelista ao Jornal de Hoje, sábado, afirmando que o governo Robinson está acima das expectativas, Garibaldi disse discordar. “O Evangelista é muito respeitado dizia que o governo está superando a expectativa. É uma visão dele. Mas a minha visão é diferente, não porque seja da oposição, mas é uma visão mais cautelosa com relação a isso”.
“Carlos Eduardo foi muito importante na campanha. Isso vai pesar”
Ao abordar a sucessão de 2016, o senador Garibaldi Filho disse que o PMDB não está fechado com o projeto do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT). Para ele, está cedo. Se faz necessário, ainda, ouvir todo o partido. “Sob pena de você não ter o condão de unir o partido”. Assim, o peemedebista defendeu a necessidade de “amadurecer essa questão”.
Ele destaca que há, inclusive, postulações de candidaturas, como a do deputado estadual Hermano Morais (PMDB). “Não é uma decisão de um impor mais força política que tenha no partido que vai fazer prevalecer isso. Há inclusive aspirações muitos legitimas de militantes, não apenas militantes, militantes que têm prestígio, como o deputado Hermano Morais, que ainda tem aspiração de voltar a ser candidato, que foi o nosso candidato na última eleição, mas toda eleição tem um cenário seu diferente”.
Garibaldi defende que é necessário levar em consideração foi um aliado importante na eleição passada, quando apoiou o candidato do PMDB, Henrique Alves. Bem como o fato de que a gestão do pedetista estar bem avaliada perante a população da capital.
“Na minha visão o cenário aponta para que tenhamos que levar em consideração que o prefeito Carlos Eduardo primeiro nos deu um apoio muito importante nessa última campanha. Segundo que sua administração está sendo aprovada pela população. Então eu acho que isso vai pesar. Mas respeito que outros tenham opiniões diferentes”.
Sobre a definição da participação ou não do PMDB na gestão municipal, Garibaldi disse que não houve ainda. “Uns querem que se participe da administração. Outros que o partido deve se mostrar apoiando a administração, mas com maior independência, sem estar com secretarias indicadas pelo partido. Até o momento não se conseguiu uma coesão. O deputado Henrique, presidente do partido, pretende reunir o partido agora ou no final de março, no início de abril, para ter uma definição sobre isso”.

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