21 de março de 2015

Advogado potiguar participará de um dos principais eventos literários da Europa


Diógenes da Cunha Lima será acompanhado pelo baiano radicado em Natal, Antônio Nahud


Conrado Carlos
Diogenes-da-Cunha-Lima----HD---(12)Advogado portiguarSe tivesse mais um Estado do tamanho do Amazonas, o território brasileiro seria igual ao da Europa – aproximadamente dez milhões de quilômetros quadrados. Em um imenso continente tropical, onde abundam fauna, flora, etnias, minérios, água e terras férteis, milhões de brancos, índios e negros se misturaram para criar um dos maiores laboratórios humanos que se tem notícia – comparável apenas aos Estados Unidos. Dessa miscelânea biológica e geográfica saiu uma cultura reverenciada em todo o mundo, frequentemente homenageada por nações mais desenvolvidas do Velho Continente. Caso da França, que agora enaltece o Brasil como grande estrela do 35ª Salon du Livre, realizado a partir de amanhã (20), até o próximo dia 23, em Paris. Com a participação de 48 escritores enviados pelo Ministério da Cultura, a armada brasileira será completada por convidados especiais, como o poeta e presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Diógenes da Cunha Lima. Ele será acompanhado pelo baiano radicado em Natal Antônio Nahud. Na ocasião, ambos lançarão livros em um dos principais eventos literários do Ocidente.
Diógenes embarca nesta sexta-feira, às 21 horas, com destino a Paris. No domingo (22), ele passará duas horas no estande da Académie des Arts Sciences et Lettres, instituição comandada pela escritora e fotógrafa paulistana, naturalizada francesa, Diva Pavese. Tudo começou meses atrás, no Ceará, com o contato entre Diva e o imortal potiguar Benedito Vasconcelos, ocupante da cadeira 38 da Academia Norte-rio-grandense de Letras. “Eles se conheceram em uma solenidade e Benedito me indicou”. Indicação esta que gerou o convite para um jantar na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, um palacete construído em 1920 por um rico integrante de uma família de comerciantes em nome do amor que sentia por sua esposa – arquiteto, vitrais, portais, tapetes, quadros, prataria, tudo veio da França. Portanto, quando Diógenes da Cunha Lima assinar a primeira cópia de seu “Tendresse” (“Ternura, em francês, título da coletânea de poemas sobre amor escritos pelo potiguar), uma espécie de ciclo ‘romântico’ será fechado.
O livro foi lançado em 1982, por ironia, apenas entre franceses. O engenho foi obra de Bernard Alleguède, ex-diretor da Aliança Francesa local, que reuniu poemas de Diógenes, com capa de Dorian Gray Caldas, para seduzir o Berço das Luzes. “Foi uma coisa muito bonita que ele fez. Aqui no Brasil, ele não foi lançado. Houve uma edição em CD, que agora será relançada para o Salão du Livre”, afirma o poeta e advogado. Com subtítulo de “Poemas de amor sem sossego”, o áudio da criação literária foi declamado pelo próprio Diógenes, em português, e pelo juiz federal Marco Bruno, em francês. Clássicos da música erudita funcionam como trilha da gravação. Uma nova capa foi feita para o CD pelo fotógrafo Fred Filho. Quanto ao livro, não há previsão de publicarem aqui no Brasil, mas amigos de Diógenes se agitam, com a notícia de que ele trará cópias da versão francesa. Domingo que vem (22), entre 13h e 15h, Diógenes estará diante de europeus para o lançamento – seu retorno à Natal está marcado para 07 de abril; até lá, ele visitará diversos institutos culturais franceses e franco-brasileiros.
“O Brasil é um arquipélago cultural, e cada Estado é uma ilha que, muitas vezes, não se comunicam entre si. Geralmente, o desinteresse pela cultura [no Poder Público] é muito grande. O retorno é grande, mas não aparente. Em um evento desse porte, fazemos contato, vemos muita coisa interessante. Somos muito ricos ara vivermos isolados”, fala Diógenes sobre a falta de apoio estatal na divulgação da arte feita no Rio Grande do Norte – dentro de um país continental, faz-se necessário exportar, via governos e prefeituras, o que se produz em cada Estado, sob pena de cair no esquecimento e na paralisia cultural. Na bagagem, o livro que Diógenes dividiu com a filha, a fotógrafa e procuradora do Estado, Leila Cunha Lima, “Flores que encantam o Brasil”, será exibido e comentado. Como na Feira do Livro de Frankfurt de 2013, cujo país homenageado também foi o Brasil, em que dois editores estrangeiros abordaram o potiguar com interesse em publicar o livro sobre as flores, bem como “Câmara Cascudo – um brasileiro feliz”.

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