18 de fevereiro de 2013

Líderes de PT e PMDB articulam aliança com rompimento de Garibaldi e Rosalba


Lideranças políticas nacionais do PMDB e do PT articulam um acordo com vistas a “selar o rompimento do PMDB com o DEM” no Rio Grande do Norte. A possibilidade foi abordada nesta segunda-feira na coluna “Painel”, da Folha de S. Paulo. Na costura, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho (PMDB), seria candidato a governador em 2014 e apoiaria uma candidatura da deputada federal Fátima Bezerra (PT) ao Senado Federal. A articulação teria o aval do vice-presidente da República, Michel Temer, e da presidente Dilma Rousseff, e contaria com a participação do presidente da Câmara, Henrique Eduardo, do ministro Garibaldi e da deputada Fátima Bezerra.
“Garibaldi Alves, ministro da Previdência, deverá disputar o governo do Rio Grande do Norte. Na campanha, ele apoiará a candidatura da atual deputada federal Fátima Bezerra (PT-RN), que disputará o Senado”, informa a jornalista Vera Magalhães, que edita a coluna do jornalão paulista. “A chapa encabeçada pelo ministro selará o rompimento com o DEM em seu Estado, uma cobrança da presidente Dilma”, conclui ela.
QUADRO
A especulação, na avaliação do cientista político Antonio Spinelli, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), surge em meio a um quadro de profundo desgaste da administração do DEM no Rio Grande do Norte e após o ministro Garibaldi, numa entrevista recente, apontar na direção de um afastamento em relação ao governo. “Parece que Henrique tem uma postura um pouco diferente, tentando salvar a aliança. Tem também um movimento recente da própria governadora, para tentar recompor a base política dela, sobretudo, salvar a aliança com o PMDB. Por outro lado, a aliança nacional do PMDB com o PT está firme cada vez mais. Inclusive entre outras razões por esse movimento do PSB do governador Eduardo Campos. E o PT sente a necessidade mais consistente da aliança com o PMDB”, avalia Spinelli.
Na visão do cientista político, o governo Dilma está bem avaliado com a presidente com muitas chances de reeleição, o que favorece o interesse do PMDB em permanecer como principal aliado. E já que o PMDB quer manter a vaga de vice para Michel Temer, nada mais justo que o PT cobrar do PMDB coerência total em relação ao governo. Neste caso, é uma incoerência a aliança do PMDB com o DEM no Rio Grande do Norte “Só um tsunami na economia ou um escândalo político de grande proporção poderiam abalar a reeleição da presidente – embora, em política, não se possa fazer previsões tão antecipadas e eleição seja imprevisível”.
DESGASTE
Apesar do quadro nacional, para o professor Antonio Spinelli, o ponto central de um eventual rompimento entre PMDB e DEM no RN seria o desgaste do governo estadual, “muito profundo, e que dificilmente a governadora se recuperará disso”. Segundo ele, “para o PMDB, e o ministro Garibaldi percebeu, é desgastante manter a aliança. O PMDB do RN está de olhos nas eleições”, identifica.
“Acho que nesse quadro, essa especulação Garibaldi governador, Fátima senadora, numa aliança entre PMDB e PT, tem certa consistência”, continua o cientista político. “Já vem se falando nisso há algum tempo, não é grande novidade, até porque, a seu turno, a deputada Fátima Bezerra foi reeleita deputada, tem um mandato consolidado, com chances para se reeleger deputada ou para ir ao Senado, e aí vai depender de compor as aspirações de cada um”, continuou o professor da UFRN.
Ainda conforme Spinelli, uma aliança política é importante para a eleição de bancadas razoáveis no Congresso e na Assembleia. “Sem aliança é difícil para qualquer partido eleger uma bancada razoável e me aparece que os dois partidos (PT e PMDB), de certa maneira, pelo andamento, podem estar sendo jogados nessa aliança”, avalia.
Contudo, segundo ele, essa aliança, que depende do rompimento do PMDB com o DEM, só se consolidaria no ano que vem. “Não acredito que as coisas estejam cosolidadas, é preciso esperar um pouco mais. Tem o ano inteiro pela frente, e tenho a impressão de que 2014, lá para março ou abril, haverá a definição do quadro”.

“Compor com a oposição não deverá ser fácil para o PMDB”, avalia analista
O PMDB não dispõe de muitos nomes para disputar o governo, por isso se fala no nome do ministro Garibaldi Filho, avalia o cientista político Antonio Spinelli. Em sua avaliação, se romper com Rosalba para lançar candidato próprio, o PMDB poderá até tentar a via por lideranças emergentes, quadros novos, mas são nomes muito verdes, com pouca experiência.
Segundo ele, esses nomes “contam mais com o cacife da liderança dos pais, do que propriamente com o capital político próprio, já que o PMDB tem poucos nomes com capital político próprio, à exceção de Henrique ou Garibaldi”. Segundo Spinelli, “se Garibaldi aceitar, facilitará entendimentos”.
Apesar disso, caso rompa com o governo, a composição com a oposição não deverá ser fácil para o PMDB. Isso porque terá que negociar com o PSD do vice-governador Robinson Faria, que pretende e já manifestou a pretensão de se candidatar a governador.
Além disso, tem o PSB da vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, que é uma possível candidata, mas que pode ir para Câmara Federal.
“Neste caso, se o PMDB lança candidato ao governo, teria dificuldade com o PSD ou com o PSB. Já com o PT teria mais probabilidade de compor”. Uma probabilidade seria a candidatura de Henrique ao governo, o que só aconteceria se houvesse uma aliança consistente, o que incluiria convencer Robinson a disputar o Senado.
“Neste caso, Robinson iria para o Senado, no lugar e Fátima. Não é uma composição fácil. Fala-se Henrique para o Senado. No próximo ano vai ter só uma vaga no Senado, por isso as dificuldades. Não se pode dizer que seja um quadro fácil. Mesmo que tenha a intenção de PT e PMDB fazerem aliança, precisam atender o interesse de outros partidos, principalmente do vice-governador Robinson e do PR do deputado João Maia. É preciso acomodar muitos interesses”, frisou.
O professor Spinelli conclui lembrando que o que há de certo, por agora, é que a aliança do PMDB com o DEM está periclitando. “Está caminhando para se desfazer. E a aliança com o PT aparece como algo provável”, finalizou.

Manter aliança dependerá da recuperação do governo Rosalba
Manter a aliança com o PMDB é hoje o principal desejo político da governadora Rosalba Ciarlini. Há alguns dias, a chefe do executivo estadual concedeu uma entrevista afirmando que espera discutir com o presidente do PMDB, Henrique Alves, os termos de uma nova composição administrativa entre as legendas.
“Manter a aliança com o PMDB depende da capacidade de o governo Rosalba de se recuperar do desgaste. Isso envolve uma operação política que não é fácil. O governo já se aprofundou muito no desgaste”, avalia o professor e cientista político Antonio Spinelli.
Segundo ele, há vários problemas a serem enfrentados pelo governo. “É um governo desorganizado, que não consegue articular sua base política, não consegue dialogar com os outros poderes e que governa com uma visão muito curta, como se tivesse governando um quintal de uma cidade qualquer”.
Segundo o professor, “governar Mossoró ou Natal é diferente de governar o RN”. E completa: “Parece que a governadora e o secretário da Casa Civil, que é seu marido, não entenderam isso e talvez pensaram que estariam governando Mossoró ampliado. Não é isso. É mais complexo”, observa.
Neste sentido, ele conclui afirmando que, por causa do desgaste, é mais difícil o governo manter a aliança com PMDB. “Pela possibilidade desse desgaste atingir o próprio PMDB”.
Ainda segundo Spinelli, o governo tem tempo, teoricamente, para se recuperar. Afinal, faltam dois anos de governo. Contudo, ele não vê a possibilidade de o governo se recuperar. “Embora o governo tenha dois anos pela frente, tudo indica que não irá se recuperar”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários postados nas publicações são MODERADOS porem seus conteúdos são de responsabilidade dos autores.