Um levantamento feito com homens entre 25 e 35 anos
atendidos pelo Centro de Referência em Saúde do Homem da capital
paulista revelou que 20% dos pacientes utilizaram medicamentos para
disfunção erétil sem prescrição médica. Foram consultados 300 homens
durante o período de um mês.
“São jovens que acham que tomando a medicação vão virar super-homens,
vão ter um aumento da potência. Mas, na verdade, não tem nada disso”,
disse Cláudio Murta, coordenador da Urologia do centro.
Murta explicou que o uso dos estimulantes sem necessidade não faz
diferença no desempenho sexual. “A medicação funciona apenas para quem
tem problema. Para quem não tem, praticamente não faz efeito”, informou.
De acordo com o médico, além de não trazer benefícios, a utilização
inadequada de estimulantes pode ocasionar efeitos colaterais como dor de
cabeça, nariz entupido, rosto vermelho, diarreia, náusea, vômito e, em
casos mais raros, pode provocar cegueira. “Para quem tem problemas
cardíacos, pode levar até a morte”, alertou.
Outro problema provocado pelo uso dos estimulantes é o risco de
dependência psicológica. “O paciente acaba achando que só vai conseguir
ter relação [sexual] se tomar a medicação, quando, na verdade, não é
nada disso. Ele pode ter a relação [sexual] independentemente do
remédio”, explicou. Segundo o médico, os pacientes nessa situação passam
a achar que precisam da medicação para conseguir a ereção, mesmo que o
remédio não seja, de fato, necessário. “O paciente acaba sofrendo muito
depois”, disse
O médico alerta que o uso indiscriminado dos estimulantes tem
aumentado. “Há bastante tempo, desde que foi lançado o Viagra, a gente
sabe que existe este tipo de uso. Agora, com a quebra da patente do
Viagra, a tendência é [o problema] aumentar, porque o preço caiu. Então,
há um certo receio de que a coisa fique até pior”, disse.
Os estimulantes sexuais, destacou o médico, devem ser usados apenas por
pacientes com problemas reais de ereção. “Nós prescrevemos o remédio
para quem tem alguma doença orgânica que leva à disfunção erétil como
pressão alta e diabetes”.
Normalmente, a idade comum dos usuários que utilizam a medicação é
acima de 60 anos. “Eventualmente, tem pacientes jovens para quem a gente
prescreve, são os que têm problemas psicológicos. A gente acaba usando
como uma terapia de apoio, enquanto ele faz a psicoterapia e trata o
problema psicológico dele”.
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